segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Recomendações nutricionais para melhorar os sintomas causados pelos tratamentos

Recomendações nutricionais para melhorar os sintomas causados pelos tratamentos

Sintomas
Recomendações possíveis

Anorexia
Orientar sobre a necessidade de um bom estado nutricional. Aumentar o fracionamento das refeições. Aumentar a densidade calórica das preparações. Melhorar a apresentação dos pratos. Utilizar bebidas nutritivas. Possibilitar a escolha das refeições. Proporcionar ambientes agradáveis para as refeiçõesEvitar cobrança excessiva de ingestão alimentar

Fadiga
Receber ajuda na acomodação à mesa. Não ajudar na preparação dos alimentos. Adaptar a consistência da dieta

Náuseas e vômitos
Aumentar o fracionamento das refeições. Não ingerir líquidos durante as refeições. Ficar afastado da cozinha durante o preparo das refeições. Evitar os alimentos muito condimentados, gordurosos e doces. Alternar refeições líquidas com as sólidas, não-concomitantes. Sugerir preparações de alta digestibilidade em temperatura fria ou gelada ou à temperatura ambiente. Não deitar-se logo após as refeições


Alteração de paladar e odor
Manter a temperatura das refeições conforme melhor aceitação. Substituir os alimentos pouco tolerados por aqueles nutricionalmente similares e melhor aceitos. Melhorar a apresentação dos pratos

Mucosite, estomatite,odinofagia, ulcerações na orofaringe
Antes das refeições, providenciar alívio da dor. Evitar os alimentos irritantes (especiárias, secos, duros, ácidos, etc.). Evitar extremos de temperatura. Modificar a consistência da dieta para pastosa ou semi-sólida dependendo do grau de comprometimento da mucosa oral. Cuidados com higiene oral.Indicar terapia nutricional enteral nos casos mais graves. Evitar bebidas alcoólicas, cafeína e tabaco

Xerostomia
Ingerir pequenas quantidades de líquidos freqüentemente. Avaliar a necessidade de saliva artificial e indicá-la quando necessário. Estimular o consumo de balas de limão ou hortelã e gomas sem açúcar. Introduzir mais molhos, caldos, sopas na dieta.

Saciedade precoce
Aumentar o fracionamento das refeições. Evitar o consumo abundante de bebidas, especialmente durante as refeições. Evitar alimentos crus. Evitar preparações gordurosas ou muito ricas em molhos

Diarréia
Aumentar a ingestão de líquidos. Preferir refeições leves. Ingerir pequenas porções durante o dia. Utilizar temperos como cebola, alho, sal e óleo com moderação. Suspender os alimentos laxativos como verduras, frutas como laranja, mamão, ameixa preta. Introduzir os alimentos constipantes como batata, mandioca, sagú. Consumir água de coco e bebidas isotônicas para hidratar.

Constipação Intestinal(prisão de ventre)
Aumentar a ingestão de líquidos, dando preferência aos sucos laxativos. Aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras (legumes, frutas com casca ou bagaço, verduras cruas e cozidas, cereais integrais). Evitar o consumo de maisena, creme de arroz, arrozina e fubá. Praticar atividade física sob orientação médica

A Importância da Alimentação durante o Tratamento do Câncer

Alimentando-se corretamente o paciente irá se sentir melhor e mais forte, além de manter ou recuperar o peso, tolerar melhor os tratamentos e os efeitos colaterais, diminuir o risco de infecção e melhorar a cicatrização.

A terapia nutricional para pacientes com câncer deve ser realizada de forma individualizada, levando-se em consideração, suas necessidades nutricionais, restrições dietéticas, tolerância, estado clínico, e efeitos colaterais esperados. Deve ser instituído tão logo seja diagnosticado a doença para prevenir a perda de peso e a desnutrição.

A escolha da estratégia nutricional pode variar desde a orientação nutricional nos primeiros estágios preventivos do diagnóstico, até a implementação de nutrição enteral (por sonda) em pacientes que não sejam capazes de suprir suas necessidades por via oral.


A incidência de desnutrição em pacientes com câncer varia de 40 a 80%, sendo que os pacientes com tumores na região de cabeça e pescoço, pulmão, esôfago, estômago, cólon, reto, fígado e pâncreas apresentam uma maior prevalência, enquanto os pacientes com câncer de mama, leucemia, sarcoma e linfomas tem um baixo risco de perda de peso. A variação dessa prevalência ocorre primariamente pela localização do tumor, mas pode ser também devido a diferentes critérios utilizados para definir a desnutrição: idade, tamanho do tumor, tipo histológico, grau de estadiamento, presença de metástase e tratamento oncológico.

Os efeitos clínicos da desnutrição se manifestam por dificuldade de cicatrização, aumento do risco de infecção e toxicidade do tratamento, maior demanda de cuidados e custos hospitalares, diminuição da resposta ao tratamento, da qualidade de vida e sobrevida, quando comparados com pacientes com um adequado estado nutricional.

As modalidades de tratamento para o câncer podem incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou a combinação de ambos. Cada uma destas podem resultar em efeitos colaterais que afetam o estado nutricional. As cirurgias podem resultar em dor local, dificuldade de mastigação e deglutição, jejum prolongado, fístulas, infecção da ferida operatótia, etc. A radioterapia e a quimioterapia não atuam exclusivamente na população de células malignas, atuam também nos tecidos normais, causando os efeitos colaterais e contribuindo para problemas nutricionais específicos e afetando potencialmente o estado nutricional do paciente.

Alguns quimioterápicos levam a anorexia causando uma anormalidade no paladar, presença de ulceração na mucosa como mucosite, queilose, glossite, estomatite e esofagite interferindo na ingestão de nutrientes devido a dor severa. Praticamente todas as drogas antineoplásicas causam náuseas, vômitos e alterações gastrointestinais como a diarréia e constipação, sendo que esses sintomas são proporcionais a quantidade de droga ministrada, tornando-se mais intensos quando a quantidade de droga for maior. As primeiras conseqüências são redução da ingestão alimentar e conseqüentemente uma depleção do estado nutricional.

A gravidade dos efeitos da radiação dependem da área tratada, do volume, da dose e do tempo de tratamento. Apesar de temporários esses sintomas levam a graves conseqüências nutricionais, em especial quando os pacientes não são submetidos a um acompanhamento nutricional precoce e adequado. Portanto, as intervenções nutricionais pró-ativas em substituição às reativas devem integrar a terapia do câncer para que haja melhora nos resultados clínicos e na qualidade de vida.

A terapia nutricional pode ser feita por três vias, ou seja, a via oral, enteral ou parenteral. Cada método tem suas indicações precisas e adequadas, não cabem considerações sobre qual método é mais seguro ou barato. Havendo condições sempre a via mais fisiológica é a ideal.

Deve-se insistir na via oral, fracionando melhor as refeições, modificando a consistência da dieta e variando a alimentação para evitar monotonia. Se apesar destes ajustes não se conseguir atingir as necessidades calóricas é válido o uso de suplementos nutricionais orais.