segunda-feira, 25 de julho de 2011

Fadiga oncológica



De acordo com o Instituto Nacional de Câncer nos Estados Unidos, 72% a 95% dos pacientes com câncer que recebem tratamento apresentam aumento nos níveis de fadiga resultando em diminuição significativa na capacidade funcional, levando-os a uma perda muito grande da qualidade de vida.

O metabolismo de pacientes portadores de neoplasias sofre modificações drásticas devido ao estresse criado pela própria doença, como também pelos efeitos colaterais produzidos pelos tratamentos tradicionais realizados (cirurgia, quimioterapia, hormonioterapia ou radioterapia).

Os mecanismos fisiopatológicos propostos incluem anormalidade do metabolismo de energia relacionado ao aumento de exigência (devido ao crescimento do tumor, infecção, febre ou cirurgia); diminuição da disponibilidade de substratos metabólicos (devido à anemia, baixa oxigenação ou deficiência nutricional); ou produção anormal de substâncias que diminuem o metabolismo ou funcionamento normal dos músculos.

As combinações dessas modificações metabólicas podem ser associadas à depressão psicológica e à diminuição no apetite, fatores que levam os pacientes a iniciarem um ciclo vicioso de perda de massa muscular, diminuição nos níveis de atividade física, resultando em um estado de fraqueza generalizada (astenia).

A piora da fadiga é de 10 a 14 dias após o último tratamento. Em alguns pacientes a fadiga interfere na capacidade de realizar atividades de vida diária como tomar banho e se vestir, limpar a casa, fazer compras, subir escadas e nas atividades de trabalho normais, alterando a capacidade de concentração, a relação com outros e o humor.

O tratamento da fadiga oncológica tem por objetivo melhorar a capacidade cardiovascular, diminuir a gordura corporal em excesso, aumentar a resistência muscular, força e flexibilidade.

O tratamento farmacológico inclui antidepressivos, psicoestimulantes, corticosteróides e correção da anemia, no entanto, suas indicações devem ser avaliadas e prescritas pelo médico especialista, devido aos efeitos colaterais que estas drogas podem causar, podendo até aumentar a fadiga.

Outros tratamentos incluem psicoterapia para melhora das alterações cognitivas, melhora do humor e a correção dos distúrbios nutricionais e do sono.

Agora você deve estar pensando, mas se estou cansada, fadigada, eu não deveria ficar de repouso?

Não, não !!!! Ao contrário do que se pensa o descanso prolongado, em vez de ajudar, pode fazer o efeito contrário, piorando o quadro de fadiga, pois a inatividade física propicia um catabolismo muscular intenso.

E é aí que a fisioterapia entra!

A fisioterapia cria um programa de exercícios moderados de baixo impacto e aeróbicos leves personalizados, para aumento da capacidade funcional e da tolerância à atividade física.

Podem ser realizadas caminhadas, esteira ou bicicleta ergométrica, hidroterapia, exercícios com pesinhos, alongamentos e relaxamento, e exercícios ventilatórios com técnicas específicas de reabilitação cardiopulmonar.

Os exercícios devem ser realizados de 3 a 5x na semana, de preferência diariamente, por pelo menos 30 minutos. Se o paciente não conseguir realizar 30 minutos contínuos, pode inicialmente fragmentar esse tempo várias vezes ao dia. Por exemplo, 10 minutos pela manhã, mais 10 minutos no início da tarde e os 10 minutos restantes no fim da tarde.

Ainda, é necessário aconselhar os pacientes sobre estratégias para diminuição da fadiga, como técnicas de conservação de energia, lazer e manejo do estresse.

Todos esses fatores associados diminuem as alterações deletérias causadas no metabolismo, melhorando assim a saúde e a qualidade de vida dos pacientes e cria melhor expectativa no combate da doença. Mas fiquem atentos, os exercícios devem ser realizados com supervisão especializada. Para isso procure fisioterapeutas e professores de educação física especialistas em oncologia. Eles saberão prescrever os exercícios mais corretos para o seu caso!

Fonte
Dra. Jaqueline Munaretto Timm
Fisioterapeuta, especialista em fisioterapia oncológica e fisioterapia uroginecológica
Diretora Científica do Portal Oncofisio
Fonte:www.oncofisio.com.br

terça-feira, 19 de julho de 2011

Efeito do Extrato de Guaraná (Paullinia cupana) na Fadiga Associada ao Câncer

A sensação de fadiga crônica é um sintoma muito freqüente que acomete cerca de 60% dos pacientes oncológicos, podendo influenciar de forma negativa a sua qualidade de vida.

Neste sentido, um grupo de investigadores da Universidade do ABC paulista e do Jackson Memorial Hospital de Miami apresentaram no último Congresso Americano de Oncologia os resultados de uma pesquisa sobre os efeitos do extrato de Guaraná no sintoma de fadiga em um grupo de pacientes com câncer de mama em tratamento quimioterápico.

O Guaraná (Paullinia cupana) é uma planta nativa da bacia do Amazonas e que tem sido utilizada como estimulante desde os tempos Pré-Colombianos.

Neste estudo, as pacientes com sintomas de fadiga após o primeiro ciclo de tratamento quimioterápico foram randomizadas a receber 50 mg de guaraná duas vezes ao dia (32 pacientes) ou a fazer uso de placebo (43 pacientes).

Ambos os grupos foram tratados durante 21 dias. Após um período de 7 dias sem tratamento, as pacientes passavam a receber o tratamento do outro grupo. Foram realizadas avaliações nos dia 1, 21 e 49 com escalas de fadiga, qualidade do sono, ansiedade e depressão.

Os pesquisadores encontraram que o uso de extrato de guaraná diminuiu de forma significativa os sintomas de fadiga nas pacientes. Não houve episódios de toxicidade sérios nem qualquer impacto na qualidade do sono das pacientes. Não foram identificados efeitos sobre a depressão ou ansiedade.

Os investigadores concluíram que o guaraná é uma opção efetiva, barata e não-tóxica para o tratamento da fadiga em pacientes com câncer de mama em tratamento quimioterápico.

Novos estudos são necessários para confirmação desses resultados e para avaliar o uso de extrato de guaraná para o tratamento da fadiga em pacientes com outros tipos de câncer.


Fonte: Congresso Americano de Oncologia – 2010, abstract 9007

A comunicação com o paciente com câncer e seus familiares

Segundo os médico oncologista Antônio Fabiano, a maior lição que aprendeu em medicina veio de um antigo professor, que lhe falou: “você nunca deve conversar com um paciente em pé ou apressadamente em um corredor!” Com o passar dos anos, no exercer de sua profissão, foi possível perceber a profunda verdade dessas palavras.

A comunicação com o paciente oncológico e seus familiares é tão importante na evolução do tratamento, que evitamos ao máximo diálogos rápidos e impessoais. Como regra, conversamos com pessoas em um momento de grande aflição e angústia em suas vidas. Nesta situação, é normal que a sua capacidade de compreensão esteja diminuída. Desta maneira, a utilização de uma linguagem complicada, baseada em termos técnicos e científicos, não costuma esclarecer o paciente e sua família, causando distanciamento entre o médico e o paciente e, conseqüentemente, dificultando o sucesso do tratamento.

Além do uso de linguagem simples e compreensível por parte do médico, é importante que o paciente e seus familiares se sintam amparados em suas emoções. No momento do diagnóstico e início do tratamento, sentimentos de raiva, tristeza e medo, são experimentados pela maior parte dos pacientes e seus familiares, sendo normais nesta situação.

Depois de vencida esta etapa, o plano de tratamento deve ser comunicado de uma maneira simples e clara, permitindo o esclarecimento de quaisquer dúvidas que possam surgir. Este ato, aparentemente simples, contribui grandemente para o sucesso do tratamento, diminuindo os efeitos colaterais e aumentando sua eficácia. E o remédio mais antigo continua sendo o mais importante, aliado a todas as inovações tecnológicas: a opção de contar com um Oncologista e um Serviço de Oncologia de sua confiança.

Drs. Antônio Fabiano Ferreira e Daniela Lessa
Oncologistas da Oncosinos

Fonte: www.oncosinos.com.br

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Alimentos contaminados no processamento

Os resíduos e contaminantes químicos orgânicos e inorgânicos capazes de apresentar riscos para a saúde humana estiveram em destaque no 10º Simpósio Internacional Abrapa de Inocuidade de Alimentos, realizado nos dias 20 e 21 de junho, em São Paulo, pela Associação Brasileira para a Proteção dos Alimentos (Abrapa).

O evento, realizado no Conselho Regional de Química, teve como objetivo ressaltar os aspectos atuais da segurança química e microbiológica da alimentação humana em todo o mundo, com destaque para o Brasil. Para isso, representantes de órgãos como o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura apresentaram resultados de estudos e de iniciativas na área.

Adriana Pavesi Arisseto, pesquisadora do Ital, ressaltou que, ao mesmo tempo em que certos procedimentos são adotados para melhorar a qualidade e a variedade de alimentos a serem consumidos pelos brasileiros, eles também podem oferecer riscos para a saúde humana, dependendo de como são empregados.

Uma dessas práticas é o processamento de alimentos. “Certamente é um processo sem o qual não conseguimos viver, mas traz também desvantagens”, disse.

Durante sua exposição, Arisseto assinalou aspectos positivos do processamento, entre os quais a segurança alimentar, a eliminação de bactérias patogênicas, toxinas e enzimas, o aumento na quantidade de nutrientes e a oferta de alimentos mais convenientes e diversificados.

“No entanto, certos processos podem gerar para os produtos finais certas desvantagens. Um deles é a perda de nutrientes, como as vitaminas, e de qualidade sensorial, além da eventual formação de substâncias tóxicas”, disse.

A pesquisadora explicou que tais substâncias tóxicas não estão presentes na matéria-prima. Sua formação depende do processo aplicado no alimento ou, então, das reações químicas ocorridas entre os próprios compostos – que podem estar presentes nos alimentos ou são adicionados no processamento.

“Esses compostos são preocupantes por duas razões. A primeira se deve ao fato de que a sua presença é impossível de ser evitada. E a segunda é o potencial tóxico que apresentam. A maioria é carcinogênica, associada a fatores tóxicos como, por exemplo, neurotoxicidade, citoxicidade, entre outros efeitos adversos”, alertou.

A maioria dessas substâncias tóxicas é formada durante o tratamento térmico do alimento. Um exemplo está no churrasco: hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA) – formados quando a gordura da carne respinga no carvão por conta do calor – juntam-se à fumaça e aderem à carne. Estudos indicaram que a ingestão elevada de HPAs pode representar riscos à saúde, como o desenvolvimento de câncer.

Entre os produtos críticos citados por Arisseto, a maioria envolve óleos – por conta da fritura –, cloreto de sódio e gordura saturada. Atualmente, Arisseto faz pós-doutorado no Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) com bolsa da FAPESP, dedicando-se a estudos sobre ocorrência de furano em alimentos. O furano é uma substância contaminante que pode causar câncer e foi identificada pela primeira vez em 1968, no café.

De acordo com ela, a preocupação mundial com o tema ressurgiu a partir de um estudo da Administração Americana de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês), que revelou a presença de furano em diversos alimentos processados em embalagens fechadas, como alimentos em conserva e alimentos infantis.

“A formação do furano é um pouco complexa e ainda não está completamente elucidada. Os dados indicam que ele pode se formar a partir da reação de Maillard – uma reação química entre um aminoácido ou proteína e um carboidrato reduzido – e que os potenciais precursores são os açúcares, o ácido ascórbico e os ácidos graxos poliinsaturados”, disse a pesquisadora.

Embora sejam realizados estudos sobre os contaminantes, Arisseto ressaltou que o mecanismo exato de formação da maioria das substâncias ainda é incerto e alertou para o surgimento de outras.

“Existe hoje um esforço muito grande de se realizar estudos epidemiológicos e toxicológicos, mas é muito difícil saber quais são os verdadeiros riscos envolvidos na presença dessas substâncias nos alimentos. E já que é impossível evitar que sejam formadas, acredito que seja importante desenvolver estratégias para diminuir sua formação e, dessa forma, diminuirmos também a ingestão dessas substâncias e o risco para a saúde humana”, disse.


Agência FAPESP