sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Hormonioterapia no câncer de mama

A hormonioterapia é utilizada tanto nos casos de doença disseminada da mama, como em pacientes sem evidência de doença após a cirurgia (terapia adjuvante).

Os melhores resultados terapêuticos são alcançados em pacientes que já haviam parado de menstruar no momento do diagnóstico, isto é, no período de pós-menopausa. Além disso, alguns trabalhos recentes investigaram a possibilidade de a terapia hormonal evitar o desenvolvimento do câncer de mama. Os resultados sugerem que o uso de antagonistas do estrógeno em pacientes de alto risco pode reduzir a ocorrência da doença.
Inibição da produção do estrógeno

Nas mulheres que ainda menstruam, a inibição da produção do estrógeno ovariano pode ser obtida pela castração cirúrgica (ooforectomia ou ovariectomia), radioterápica ou medicamentosa. O bloqueio medicamentoso da produção hormonal pode ser alcançado pela administração de agonistas do GnRH, progesterona ou andrógenos (alternativa menos utilizada).

No grupo de mulheres em pós-menopausa, nas quais todo o estrógeno circulante é produzido pelas glândulas suprarrenais, a supressão é alcançada pelo uso de inibidores da aromatase. Esses inibidores bloqueiam a transformação dos andrógenos em estrógenos, reação que ocorre no interior da suprarenal, em diversos tecidos periféricos e no interior do tumor.

Medicamentos utilizados

O tamoxifeno é o único representante do grupo das substâncias que competem pelos receptores de estrógeno no organismo feminino, sendo utilizado em mulheres em pré e em pós-menopausa. Entre os agonistas do GnRH, uma substância muito utilizada é a goserelina. O primeiro inibidor da aromatase utilizado em grande escala foi a aminoglutetimida. Atualmente, outros medicamentos com maior eficácia e tolerabilidade disputam essa indicação: anastrozol, letrozol e formestano. A progesterona, empregada como agente de segunda ou terceira linha, tem no acetato de megestrol sua principal apresentação. Além de inibir a produção de estrógeno, essa classe de medicamentos exerce seu efeito antitumoral por mecanismos ainda não esclarecidos.
Resultados

A presença de receptores de estrógeno nas células do tumor representa um dos principais fatores prognósticos no câncer de mama, sugerindo que a doença deverá ter um comportamento menos agressivo. Além disso, assinala que as respostas à terapia hormonal serão, provavelmente, boas. A terapia hormonal traz resultados positivos para apenas 10% das pacientes ER negativas, enquanto entre 50% e 60% das ER positivas se beneficiam desse tratamento.

Não se sabe o porquê, mas esses receptores são mais frequentemente encontrados nas células tumorais de pacientes que receberam diagnóstico após a menopausa do que nas de pacientes que ainda menstruam.
Efeitos colaterais

O tamoxifeno alcançou uma posição de destaque no tratamento do câncer de mama não só por sua eficácia, mas também pela baixa incidência de efeitos colaterais. Raras pacientes relatam dificuldade de tolerar os sintomas de menopausa que ele determina. Embora se discuta a possibilidade de o uso do tamoxifeno aumentar as chances de desenvolvimento do câncer de endométrio, alguns trabalhos indicam a ocorrência de efeitos favoráveis sobre o metabolismo ósseo, com a redução da perda óssea e alterações no metabolismo dos lípides, capazes de inibir o desenvolvimento da aterosclerose.

O acetato de megestrol apresenta uma série de efeitos adversos: ganho de peso, retenção de líquidos e hipertensão. Além disso, está relacionado à ocorrência de trombose e tromboembolismo. Os inibidores da aromatase são geralmentes muito bem tolerados.
Duração da terapia

A terapia adjuvante tem início e duração preestabelecidos. A maioria dos serviços propõe a administração do tamoxifeno, após a retirada do tumor, por cinco anos. O tratamento se desenvolve independentemente da realização de radioterapia e/ou quimioterapia complementar. Nos casos de doença metastática, a terapia hormonal tem papel de destaque, especialmente no grupo de pacientes em pós-menopausa. O tratamento deve ser mantido enquanto houver benefício clínico, substituindo-se sequencialmente a medicação à medida que forem se desenvolvendo resistências.
Cuidados que devem ser tomados durante o tratamento

Devido aos riscos de trombose venosa, a equipe médica deve ser informada em caso de dor ou inchaço nas pernas, principalmente se envolver apenas um dos membros. O tratamento hormonal não deve ser interrompido sem o consentimento da equipe médica.


http://www.einstein.br/Hospital/oncologia/nossos-servicos/hormonioterapia/Paginas/hormonio-terapia-no-cancer-de-mama.aspx

Nenhum comentário:

Postar um comentário