quarta-feira, 13 de abril de 2011

ANEMIA EM CÂNCER: TEM SOLUÇÃO? VITAMINA B12, FOLATO E FERRO NO CONTROLE DA ANEMIA EM CÂNCER

A anemia é uma ocorrência comum em pacientes com câncer. Numerosos fatores estão envolvidos na fisiopatologia da anemia no câncer, tais como efeitos da quimioterapia e deficiências nutricionais específicas, que se agravam com a idade e comorbidades associadas. A deficiência de nutrientes como ferro e as vitaminas B12 e o ácido fólico está relacionada ao aparecimento desta doença. A anemia relacionada à progressão da doença resulta da ativação dos sistemas imune e inflamatório, levando a um aumento das
citocinas inflamatórias, prejudicando a hematopoiese e interferindo negativamente no metabolismo do ferro. A suplementação do ferro geralmente faz-se necessária em pacientes que recebem eritropoetina ou com deficiência deste micromineralpor hemorragias. Esta suplementação pode ser por via oral ou parenteral. As vitaminas B12 e o ácido fólico são necessárias à incorporação do ferro EV pelos eritrócitos. Pacientes que apresentam tumor gástrico, especialmente após gastrectomia, apresentam anemia ferropriva em decorrência da diminuição da produção de ácido clorídrico, fator que participa da conversão de ferro férrico em ferroso,
forma pela qual é absorvido. Da mesma maneira, em ressecções de intestino delgado por tumor (duodeno e jejuno proximal), ocorre má absorção de ferro, agravando ainda mais o quadro de anemia e o estado nutricional do paciente. Cerca de 70%-90% do ferro absorvido destina-se à síntese de hemoglobina. A diminuição da hemoglobina está associada com diminuição da qualidade de vida, pior resposta ao tratamento e pior prognóstico.
Estudos mostram que ingestão inadequada de folato pode interferir no metabolismo do carbono, provocando aberrações moleculares e bioquímicas, incluindo alterações na expressão do gene relacionado à carcinogênese, pois em associação com a vitamina B12, o ácido fólico participa na síntese do DNA. Uma causa comum de anemia de doença crônica é a deficiência, por absorção reduzida, de folato e vitamina B12. A absorção do folato ocorre na porção superior do intestino delgado e este processo é dependente de vitamina B12. O folato é essencial para a formação das hemáceas e leucócitos na medula óssea e para a sua maturação. A incidência de má absorção de nutrientes em tumores abdominais é alta, podendo chegar até 50% dos pacientes. No câncer gástrico, a retirada do antro e a conseqüente
depleção de gastrina predispõem a uma atrofia tardia das células parietais, produtoras de fator intrínseco, provocando má absorção de vitamina B12, que deverá ser administrada via parenteral em intervalos regulares. Nos tumores intestinais, pacientes que são submetidos à ressecção do íleo perdem a capacidade de absorção da vitamina B12 e ocorre, por este motivo, a presença de anemia.
Outro candidato em potencial à anemia é o paciente submetido ao transplante de medula óssea (TMO), em virtude da diminuição de ingestão e absorção de vitamina B12 e ácido fólico, além de aumento das perdas intestinais e urinárias. A deficiência de vitamina B12 geralmente ocorre após duas semanas do TMO. Sua suplementação é recomendada para todos os pacientes antes e após a realização do TMO, até que seja restabelecida a ingestão oral adequada.
É de fundamental importância o acompanhamento dos níveis de ferro, vitamina B12 e folato dos pacientes com câncer, principalmente gastrintestinais, devido sua correlação com a anemia. O tratamento anemia pode ter um impacto significante na qualidade de vida de pacientes com câncer.

Referências:
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